Artigo: Perdeu

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Infelizmente, de novo, não deu. O Brasil não conseguiu avançar nas eliminatórias da Copa e sucumbiu diante da seleção da Croácia. Porém, ao contrário de boa parte das pessoas, não acredito que nosso time tenha jogado mal. O fato de termos perdido o jogo e termos sido desclassificados, não quer dizer que não tenhamos tido uma boa atuação em campo.

Claro que houve uma falha que acabou dando espaço para que os eslavos conseguissem o gol do empate que nos levou aos pênaltis, mas um errinho como esse não pode desmerecer todo trabalho. Nem digam que o Neymar não ter batido o primeiro pênalti foi uma estultice: Luka Modric, astro da esquadra croata e indubitavelmente também não foi o primeiro a bater o pênalti de seu time, mas sim o terceiro. Além disso, não acho que Tite seja um gênio do futebol, mas também não acho que seja um estúpido, acho que fez a parte dele e, infelizmente, não deu.

Faz parte do esporte um ganhar e outro perder. Desta vez, quem perdeu fomos nós. Paciência. Aceitemos o resultado, voltemos para casa e vamos nos preparar para a próxima vez, daqui quatro anos. Porque é assim que é, assim que deve ser.

Quando o jogo não é como esperamos, não adianta ficar reclamando do árbitro, dizer que ele está roubando, dizer que ele está favorecendo o time adversário. Não adianta também querer levar a partida no tapetão, querendo forçar um resultado, ficar fazendo estratagemas para obter vantagenzinhas. O certo é dar o melhor de si, se esforçar para ter um bom desempenho e se colocar realmente à prova. É isso o que o esporte realmente nos ensina.

Se trouxermos essas lições tão importantes que o futebol neste tempo de Copa do Mundo nos traz para nosso ambiente doméstico, a gente vê que o time do presidente Jair Bolsonaro não jogou direito durante a partida, ficou o tempo todo reclamando do árbitro, fez catimba para prejudicar seu adversário no afã de conseguir alguma vantagem para ganhar a disputa, inflamou sua torcida para tumultuar o ambiente e, no fim, perdeu. Tal como uma seleção nacional que perde na Copa do Mundo e deve aceitar o resultado, voltar para casa e tentar melhor sorte daqui quatro anos, assim deveria se comportar o capitão do Governo Federal.

Nada disso. Assim como as torcidas organizadas que depois do jogo em que seu time foi derrotado ficam no entorno do estádio protestando, tumultuando, assim estão os partidários de Bolsonaro. A diferença é que os jogadores ou a diretoria do clube não ficam insuflando os insurrectos para que sigam na algazarra que promovem, incentivando-os a manterem-se bagunçando tudo sobre a desculpa que, desta forma, o time alcançará o campeonato. Claramente, os jogadores ou a diretoria do clube não fazem isso porque sabem que a torcida ficar fazendo isso não levará a nada.

Jair Bolsonaro e seus correligionários acreditam que se, apesar de ter sido derrotado no tempo regulamentar, sua torcida ficar protestando e tumultuando, o resultado do jogo pode virar. Óbvio que não, bem como não adiantou nada ficar criticando, ofendendo e se inflamando contra o Judiciário, contra a Justiça Eleitoral ou promovendo artifícios eleitoreiros como o crédito consignado no Auxílio Brasil turbinado.

Bolsonaro perdeu. Que aceite o resultado, volte para casa e se prepare para a próxima vez, daqui quatro anos. É assim que é, assim que deve ser.

E você, que pensa diferente disso, deixa eu te falar uma coisa muito séria: em 01 de janeiro, o sol vai raiar do mesmo jeito que sempre. Suas contas vencerão, do mesmo jeito que sempre. Você terá que comprar comida, do mesmo jeito que sempre. Então, em vez de torcer contra o próximo governo e esperar que o país naufrague para poder dizer que você tinha razão, faça sua parte para que as coisas deem certo. Porque se não der certo para o Brasil, não vai dar certo para você também. Siga na torcida, mas não pelos jogadores do time, mas pela seleção brasileira.

*Rodrigo Segantini é advogado, professor universitário, mestre em psicologia pela Famerp.

**Os artigos publicados com assinatura não manifestam a opinião de O Defensor. A publicação corresponde ao propósito de estimular o debate dos problemas municipais, estaduais, nacionais e mundiais e de refletir as distintas tendências do pensamento contemporâneo.

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